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Ciúme: vilão ou protetor?


O ciúme é uma emoção tão antiga quanto os relacionamentos humanos. Ele pode proteger vínculos afetivos, mas também destruir relações quando sai de controle. Afinal, o que é o ciúme, por que ele surge e quando ele se torna um problema? A neurociência e a psicologia oferecem respostas fascinantes para essas perguntas.


O que é o ciúme e por que ele surge?


O ciúme é uma reação emocional que surge diante da percepção de ameaça à perda de um relacionamento valioso. Pode ser desencadeado tanto por perigos reais (como uma traição) quanto por ameaças imaginárias, que nem sempre têm base na realidade.


Do ponto de vista evolutivo, o ciúme pode ter desempenhado um papel importante na proteção de relacionamentos e na garantia de investimentos emocionais e reprodutivos. Por exemplo, nos primórdios da humanidade, sentir ciúme poderia evitar o abandono por parte do parceiro, garantindo a sobrevivência dos filhos e do vínculo familiar.


Essa emoção, no entanto, não se limita ao amor romântico. Ela também aparece em outras áreas da vida, como nas amizades, no ambiente de trabalho ou até entre irmãos. Sempre que sentimos que algo ou alguém importante para nós está em risco, o ciúme pode se manifestar.


Quando o ciúme se torna um problema?


Embora o ciúme tenha uma função adaptativa em níveis moderados, ele pode se tornar prejudicial quando:

É desproporcional: Situações inofensivas são percebidas como ameaças graves.

Afeta a saúde mental: Ansiedade, depressão e pensamentos obsessivos começam a dominar.

Prejudica os relacionamentos: Comportamentos de controle, desconfiança excessiva e brigas constantes tornam-se recorrentes.


Nesses casos, o ciúme deixa de ser um aliado da relação e passa a ser uma fonte de sofrimento. É nesse ponto que falamos de ciúme patológico, que pode se manifestar de duas formas principais:

1. Ciúme obsessivo: Marcado por pensamentos repetitivos e intrusivos, acompanhados de comportamentos compulsivos, como vigiar ou questionar o parceiro.

2. Ciúme delirante: Mais grave, envolve crenças fixas e irracionais de infidelidade, mesmo sem evidências, geralmente relacionadas a transtornos psicóticos.


O que acontece no cérebro durante o ciúme?


Estudos mostram que o ciúme ativa várias áreas do cérebro, como:

Amígdala: Detecta ameaças e intensifica a sensação de perigo.

Córtex cingulado anterior: Relaciona-se à dor social e ao desconforto emocional.

Córtex pré-frontal: Regula as emoções, mas pode ter sua função prejudicada em casos de ciúme patológico.


Além disso, o ciúme estimula a liberação de hormônios como o cortisol (associado ao estresse) e a testosterona, intensificando reações de luta ou fuga.


Como lidar com o ciúme exagerado?


O tratamento e o manejo do ciúme incluem diversas abordagens:

1. Psicoterapia (TCC): Ajuda a identificar pensamentos irracionais, desenvolver estratégias de enfrentamento e trabalhar crenças que geram insegurança.

2. Medicamentos:

Antidepressivos: Podem reduzir pensamentos obsessivos e ansiedade.

Antipsicóticos: São indicados em casos de ciúme delirante para controlar os sintomas psicóticos.

3. Terapias hormonais: Pesquisas sugerem que a ocitocina intranasal pode ajudar, pois fortalece o vínculo afetivo e diminui o estresse. Ainda não está disponível na prática.


Como saber se você precisa de ajuda?


Pergunte a si mesmo:

• Seu ciúme é baseado em fatos ou apenas em suposições?

• Você consegue controlar suas reações ou elas dominam você?

• O ciúme está afetando sua saúde mental ou seu relacionamento?


Se a resposta for “sim” para essas perguntas, é importante buscar ajuda profissional.


Estratégias práticas para lidar com o ciúme


Além dos tratamentos, você pode adotar medidas no dia a dia:

• Reconheça e aceite o ciúme como uma emoção natural.

• Comunique-se abertamente com seu parceiro sobre suas inseguranças.

• Pratique técnicas de autorregulação, como mindfulness e respiração profunda.

• Evite comportamentos impulsivos, como monitorar ou questionar excessivamente.

• Construa confiança no relacionamento com ações positivas e demonstrações de afeto.


Conclusão


O ciúme é uma emoção complexa, enraizada em nossa biologia e história evolutiva. Quando moderado, pode fortalecer laços; mas, quando descontrolado, prejudica a saúde emocional e os relacionamentos. Compreender seus mecanismos é o primeiro passo para lidar com ele de forma saudável. E lembre-se: se o ciúme estiver impactando sua vida, não hesite em buscar ajuda.




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